Ataques russos provocam incêndio em Zaporizhia e vários feridos
Uma nova vaga de ataques noturnos da Rússia provocou um incêndio numa bomba de gasolina em Zaporizhia, feriu pelo menos oito pessoas e danificou casas no sudeste da Ucrânia, avançaram as autoridades regionais esta segunda-feira.
Não ficou imediatamente claro se a estação de serviço em Zaporizhia era um alvo do ataque ou se o fogo foi provocado pela queda de destroços de um drone destruído.A Força Aérea ucraniana revelou esta segunda-feira que na última noite a Rússia lançou 62 drones, 40 dos quais foram abatidos.
Também sete pessoas ficaram feridas num ataque de um drone russo ao porto de Odessa, no Mar Negro, que danificou várias casas e instalações médicas no final do domingo, revelaram os Serviços de Emergência da Ucrânia num post no Telegram.
De acordo com o presidente da câmara de Odessa, no sul da Ucrânia, no Mar Negro, Gennady Trukhanov, fragmentos de um drone causaram pequenos danos numa clínica, mas nenhum paciente ficou ferido.
No domingo, dois mísseis balísticos russos atingiram o coração da cidade de Sumy, no norte da Ucrânia, matando 34 pessoas e ferindo 119. Kiev acusou Moscovo de usar, deliberadamente, munições de fragmentação para atingir civis. Foi o ataque mais mortífero desde setembro de 2024.
Sumy, com uma população de cerca de um quarto de milhão de habitantes e localizada a pouco mais de 25 quilómetros da fronteira russa, tornou-se uma cidade-guarnição quando as forças de Kiev lançaram uma incursão na Rússia em agosto.
O presidente interino da Câmara de Sumy, Artem Kobzar, anunciou três dias de luto pelas vítimas a partir de segunda-feira. Os ataques de domingo seguiram-se a um ataque com mísseis contra a cidade ucraniana de Kryvyi Rih, a cidade natal de Zelensky e longe das linhas da frente da guerra terrestre no leste e no sul, que matou 20 pessoas, incluindo nove crianças.
O chefe dos serviços secretos militares ucranianos, Kiril Budanov, explicou que a Rússia utilizou dois mísseis Iskander-M/KN-23, que foram lançados pelas brigadas 112 e 448 do exército russo a partir do território das regiões russas de Voronezh e Kursk.
A Rússia lançou uma ofensiva nesta primavera contra as regiões de Sumy e da vizinha Kharkiv, numa altura em que os Estados Unidos estão a tentar orquestrar um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia.
Os dois países negam ter como alvo os civis na guerra que a Rússia iniciou com uma invasão em grande escala do seu vizinho há mais de três anos. Milhares de civis foram mortos no conflito, a grande maioria dos quais ucranianos.
No final de março, os EUA afirmaram ter chegado a acordo com a Rússia e a Ucrânia sobre dois acordos de cessar-fogo, incluindo um que proibiria os ataques às infraestruturas energéticas. No entanto, Moscovo e Kiev trocam repetidamente acusações de violação das moratórias.
O ataque gerou consternação na Ucrânia e as autoridades apelaram urgentemente aos EUA para que tomem medidas decisivas contra a Rússia para forçar o Kremlin a pôr fim aos ataques.
Este ataque foi deplorado por vários líderes internacionais e instituições. Trump, quando questionado sobre o ataque russo a Sumy, disse que era “terrível”.
“Acho que é terrível. E disseram-me que cometeram um erro. Mas penso que é uma coisa horrível”, disse o presidente dos EUA aos jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.
Questionado sobre este “erro”, Trump respondeu: “eles cometeram um erro (...) vão ter de lhes perguntar sobre isso”, sem especificar a quem se referia.
Este ataque, que ocorreu dois dias após a visita de um alto funcionário dos EUA à Rússia, é o mais mortífero ataque contra uma zona civil desde há meses na Ucrânia, e particularmente desde o reatamento dos contactos entre Washington e Moscovo, em meados de fevereiro.
O ataque em Soumy é um “lembrete brutal” do imperativo de negociar para pôr fim a “esta guerra terrível”, disse a Casa Branca, através do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian HughesZelensky sugere a Trump que se desloque à Ucrânia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sugeriu que o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, visite à Ucrânia para ver a destruição causada pela Rússia, numa entrevista transmitida no domingo pelo canal de televisão norte-americano CBS.
Na entrevista gravada antes do ataque russo de domingo em Sumy, Zelensky disse, sem mencionar diretamente Trump, que “antes de tomar qualquer decisão, antes de qualquer forma de negociação”, se desloque à Ucrânia.
“Venha ver as pessoas, os civis, os combatentes, os hospitais, as igrejas, as crianças, destruídas ou mortas. Venham e vejam, e depois vamos avançar com um plano para acabar com a guerra. O que Putin fez, compreenderão”, argumentou.A entrevista foi gravada em Kryvyi Rih, a cidade natal de Zelensky, onde um ataque matou 20 pessoas, incluindo nove crianças, no início de abril.
Enquanto Donald Trump parece estar a perder a paciência com o presidente russo, Vladimir Putin, que não aceitou a proposta de tréguas, Zelensky considerou que “não se pode confiar” no líder da Rússia.
“Já disse isso ao presidente Trump em várias ocasiões (...). Putin nunca quis parar a guerra, nunca quis que fôssemos independentes. Putin quer destruir-nos completamente”, acrescentou.
Questionado sobre os comentários de Trump, que o apelidou de “ditador” e responsabilizou Kiev pelo início da guerra, Zelensky lamentou o facto de “o ponto de vista russo ser predominante nos Estados Unidos”.